Zumbi dos Palmares: esquecido pela história oficial, virou um monumento

17/11/2014 04:00:00


 

No dia 9 de novembro de 1986, ainda no governo do prefeito Saturnino Braga, foi inaugurado um monumento inusitado na cidade, em pleno canteiro da Avenida Presidente Vargas, na altura da Praça XI: o de Zumbi dos Palmares. A mesma área a qual servia, no final do século XIX, de reduto dos negros e baianas com seus ritos afro-brasileiros e do samba. O monumento foi idealizado por Darcy Ribeiro para homenagear o líder negro e fortalecer a consciência negra. E como um dos maiores incentivadores de sua construção, o cantor Martinho da Vila. Porém, pela impossibilidade de identificação da fisionomia de Zumbi dos Palmares, sua cabeça é réplica da de um rei nigeriano do século XII, construída por artistas do Reino de Benin e guardada até hoje no Museu de Londres.

 

O monumento do Zumbi dos Palmares tem pedestal de 4 metros em mármore e cabeça com 3 metros, esculpida com 800 quilos de bronze. 


Durante a sua inauguração, um grande show aconteceu na Praça XI com a presença de mães-de-santo, afoxés e grupos de dança negra. Desde que foi inaugurado, o monumento se mostrou também resistente, como o seu líder inspirador, tendo já sofrido várias pichações públicas este ano, devidamente removidas pela SECONSERVA e pela COMLURB.

 

Zumbi, além de corajoso, possuía habilidade para
planejar e organizar o Quilombo dos Palmares

 

Para você saber quem foi Zumbi dos Palmares: ele era um homem forte, bravo e guerreiro. Morreu degolado resistindo à escravidão negra do século XVII. Uma história que começou na Capitania de Pernambuco, na Serra da Barriga, em 1655, região que hoje corresponde ao município de União dos Palmares, no estado de Alagoas. Embora tenha nascido livre, aos 7 anos foi capturado e entregue a um missionário português. Batizado 'Francisco', Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, chegando a ajudar o padre na celebração da missa.

 

Aos 15 anos, fugiu para viver no Quilombo dos Palmares, na mesma região da Serra da Barriga. Ali, deixou de ser chamado de Francisco para ser Zumbi, (que significa aquele que estava morto e reviveu, no dialeto de uma tribo angolana). Nessa comunidade livre, com 20 mil habitantes, formada por escravos fugitivos de engenhos, brancos e índios, se tornou um líder. Na verdade, Palmares era uma confederação de diversos quilombos, no qual as pessoas sobreviviam com base no trabalho cooperativo e solidário, independente da cor e da raça.

 

Quando o quilombo foi atacado em 1675 por soldados portugueses, Zumbi se destacou como guerreiro em sua defesa ajudando a afastar os agressores. Três anos depois, sabendo da proposta de paz que o governador da Capitania de Pernambuco tinha feito para Ganga Zumba, líder oficial do Quilombo dos Palmares, Zumbi foi contra. Dessa forma, se tornou a voz da resistência do quilombo, ao discordar da liberdade em troca da submissão à autoridade da Coroa Portuguesa. E desafiando a liderança de Ganga Zumba, que havia concordado com a proposta, Zumbi se tornou o novo líder do quilombo dos Palmares e entrou para a história.

 

Por não admitir a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas de cana de açúcar continuariam aprisionados, continuou comandando a resistência contra as tropas do governo. Com habilidade, organização e coragem. Enquanto isso, a sua comunidade cresceu e se fortaleceu. Até que 1695, aos 40 anos, depois de outro ataque ao quilombo, foi traído por um amigo a mando do bandeirante Domingos Jorge Velho, pego pelas tropas e morto.

 

Considerado um dos grandes líderes da história do Brasil, Zumbi dos Palmares se tornou símbolo da resistência e luta contra a escravidão. Daí, 20 de novembro, data da sua morte, virar em muitas cidades do país o Dia da Consciência Negra.

 

Fonte: Arquivo Geral da Cidade/Artigo JB de 21/11/1987