Com 3,5 km de extensão e 287 mil metros quadrados de área, a Orla Conde é um local arborizado, que privilegia a circulação de pedestres e ciclistas nos deques, calçadão, ciclovia, praças e espaços de convivência. Ao longo do novo passeio público, funcionam 27 centros culturais: Museu de Arte do Rio (MAR), Museu do Amanhã, Biblioteca Nacional, Armazém da Utopia, Centro Cultural dos Correios, Centro Cultural Banco do Brasil, Casa França Brasil são alguns dos equipamentos culturais da Orla Conde, além do AquaRio (que será aberto em breve. Além disso, nas proximidades da Orla Conde, cariocas e visitantes também podem conhecer o Cais do Valongo, Pedra do Sal, Fortaleza da Conceição, Cemitério dos Ingleses e Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, entre outros.

Com a chegada dos turistas à cidade por conta da realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, a expectativa é de que a Região Portuária se torne o maior ponto de encontro do Rio durante o evento. Para o secretário especial de Turismo, Antonio Pedro Figueira de Melo, o clima é de muita alegria:

- Viveremos dias especiais na cidade, especialmente nos lives sites.  Além da transmissão das competições, serão centenas de atrações não só no Centro, mas nas zonas Norte e Oeste também. Para acompanhar os Jogos Olímpicos, não precisa de ingresso. Basta chegar. Será muito emocionante.  

Prédios históricos e equipamentos culturais, antes ofuscados pelo Elevado da Perimetral, ganharam destaque e estão novamente de frente para a Baía de Guanabara, como é o caso da Igreja da Candelária, a Casa França Brasil e o Centro Cultural dos Correios. A abertura da grande esplanada e das novas praças (Largo da Candelária, a Praça dos Centros Culturais, a Praça do Povo e a Praça da Bolsa de Valores) mudou o perfil da região central do Rio, antes cortada por vias de grande movimentação de veículos.

- O que é mais marcante é que as pessoas estão conhecendo um espaço que ficará para elas após os Jogos. Esse era o nosso propósito: mostrar a riqueza histórica da cidade aos cariocas e visitantes - afirmou o presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), Alberto Silva.

O dia ensolarado atraiu um grande público à Região Portuária nesta sexta-feira. Fascinados com as transformações locais e, principalmente, com a programação de atividades do Boulevard Olímpico, cariocas e visitantes fizeram questão de trazer toda a família para conhecer o espaço. A capixaba Kamilla Tonini Delamonica, de 36 anos, disse estar impressionada com o que estava vendo:

- Está realmente muito bonito. Esse lugar será, de fato, o maior ponto de encontro dos cariocas depois dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. A Orla Conde transmitirá uma nova impressão do Brasil para o mundo. Também fiquei impressionada com o trabalho do Kobra. O que ele fez foi inacreditável! - disse, referindo-se ao mural do artista Eduardo Kobra. Com o título "Etnias", retrata cinco rostos que representam os continentes que vão disputar as Olimpíadas.

Para o marido de Kamilla, Nelson Phelippe, a cidade conta agora com um espaço que reúne, ao mesmo tempo, "tecnologia, cultura e natureza".

As irmãs Jurema e Sueli Gredilh, de 72 e 69 anos, respectivamente, disseram que pretendem participar do máximo de atividades que puderem no Boulevard Olímpico, além praticarem caminhadas diárias na Orla Conde após os Jogos. Moradora da Pedra do Sal, Jurema falou que as obras na Região Portuária enriqueceram o local, antes esquecido pela maioria dos cariocas:

- A região central se tornou mais bonito e movimentado. Além disso, para coroar essa fase maravilhosa, as atividades oferecidas no Boulevard vão engrandecer ainda mais esse local, tornando-o inesquecível para aquele que o visitar. Estaremos na Orla Conde até o final dos Jogos.  

Sueli, que vive em Padre Miguel, acrescentou que as obras na Região Portuária trouxeram à tona "encantos que estavam escondidos":

- Conheço muitas pessoas que moram no Rio de Janeiro que desconheciam o fato de que possuíam um lugar tão bonito. Só tenho a agradecer aos Jogos Olímpicos por terem possibilitado tantas coisas boas para a minha cidade. Que os cariocas saibam preservar e que nossos atletas conquistem muitas medalhas. Torcida não faltará. Inclusive, a minha.

Para a baiana Daniela Key de Barros, de 41 anos, a região se modernizou, de deixar de lado as características de seu surgimento. E esse, segundo ela, "é o maior incentivo à cidadania de que se tem história":

- Conhecer a própria origem nos torna cidadãos melhores. Com o carioca não será diferente.

O Boulevard Olímpico do Porto Maravilha e o Largo da Candelária foram abertos ao som da Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais e da Banda da Guarda Municipal do Rio. Mas o ponto alto da cerimônia foi uma mensagem, enviada diretamente do Vaticano, pelo Papa Francisco. Na presença dos padres Omar e Antônio, o pontífice desejou em vídeo que o espírito dos Jogos Olímpicos possa "inspirar a todos":

- Que os Jogos sejam uma oportunidade de superação de momentos difíceis. Que reine a solidariedade, independente de cultura, cor de pele e religião.

A Orla Conde foi aberta em etapas. Em setembro de 2015, o trecho da Praça Mauá, com 25 mil metros quadrados. Em janeiro deste ano, foi a vez do trecho da Praça dos Expedicionários ser entregue, com 116 mil metros quadrados. Nos meses de maio e junho, foram abertos os do Distrito Naval, com 23,6 mil metros quadrados, e da Avenida Rodrigues Alves (Armazéns 1 a 6), com 57 mil metros quadrados. Este mês, além do Largo da Candelária, também foi aberto o trecho situado entre os armazéns 6 a 8, este com 21,8 mil metros quadrados.