O prefeito Eduardo Paes liderou o I Fórum Latino-Americano de Prefeitos da C40, nesta sexta-feira (27/03), em Buenos Aires. No evento, as autoridades mostraram a liderança da América Latina na luta global contra as mudanças climáticas. Durante o encontro, 20 cidades latino-americanas aderiram ao Pacto Global de Prefeitos, maior iniciativa do mundo envolvendo cidades na luta contra o impacto das mudanças climáticas, assinado em 2014.  Também durante o Fórum, 20 cidades globais, oito delas da região, que compõem a C40 –  rede global de cidades, presidida por Paes desde 2013 - comprometeram-se a utilizar ônibus urbanos limpos, não poluentes, nos sistemas de mobilidade.

O prefeito da cidade de Buenos Aires, Mauricio Macri, foi o anfitrião do encontro da C40. O ex-presidente do México e presidente da Comissão Global de Economia e Clima, Felipe Calderón, foi um dos líderes mundiais presentes ao encontro, que teve o objetivo de aumentar a liderança da América Latina na luta contra os impactos das mudanças climáticas.

- Ao tomar essas medidas decisivas, as cidades latino-americanas estão liderando a condução de ações urbanas que reduzem as emissões de gases de efeito estufa e os riscos climáticos, enquanto promovem saúde, bem-estar e oportunidades econômicas aos cidadãos. Essas grandes redes, como a C40, servem para a troca de ideias. Unidos, conseguimos acelerar ações locais efetivas. Este Fórum é a prova dessa tendência, que é promissora - destacou Paes.

Durante a abertura do I Fórum Latino-Americano, o prefeito do Rio enfatizou o papel dos municípios na luta contra os impactos das mudanças climáticas:

- A C40 está cada vez mais forte. Podemos ver os resultados das nossas ações aqui neste Fórum, com a adesão ao Pacto Global dos Prefeitos e a declaração de compromisso de utilizar ônibus limpos. Aqui, em Buenos Aires, estamos fazendo o que chamo de Diplomacia das Cidades. Somos líderes de nossas comunidades, mas temos um papel global. Somos peças importantes na luta contra o impacto das mudanças climáticas. Foi por isso que a ONU convidou os prefeitos para ir mais longe com esta luta. Somos líderes da região mais urbanizada do mundo. Nós, da América Latina, representamos quase 600 milhões de pessoas.

Pesquisa da C40 indica que as cidades da América Latina têm um enorme potencial para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Juntas, poderiam reduzir as emissões de 6,633 toneladas métricas de CO2 anualmente até 2050. O número equivale a 1,4 bilhão de carros fora das estradas a cada ano.

No encontro, 20 cidades da América Latina - incluindo nove da C40 - assinaram uma Declaração sobre o Pacto Global de Prefeitos. As cidades comprometeram-se a acompanhar o progresso e preparar-se para os impactos das mudanças climáticas. O objetivo foi engajar as cidades da região antes da Conferência do Clima da ONU, em dezembro, em Paris. 

Bogotá, Buenos Aires, Caracas, Curitiba, Lima, Cidade do México, Quito, Rio de Janeiro e São Paulo foram as cidades da C40 que aderiram ao Pacto Global de Prefeitos. Assunção, Cali, Córdoba, Belo Horizonte, Fortaleza, La Paz, Panamá, Santiago, São Domingo, Tegucigalpa e Valparaíso também assinaram o acordo.

O Pacto Global de Prefeitos é projetado para reconhecer e incentivar ações climáticas de nível municipal, além de unir esforços por meio de um processo consistente e transparente de relato das emissões públicas. Ao se comprometer com o Pacto, a cidade precisa estabelecer um inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE) para se preparar para os efeitos das alterações climáticas. Neste inventário é necessária a identificação de riscos e vulnerabilidades específicas e a criação de um plano de ação climática que inclua metas de redução ou adaptação de emissões.

O Fórum também discutiu a implantação de ônibus urbanos limpos. Prefeitos de 20 cidades da C40, incluindo as latino-americanas Bogotá, Buenos Aires, Caracas, Curitiba, Cidade do México, Quito, Rio de Janeiro e Salvador, assinaram a declaração de Intenções da C40 para Ônibus Urbanos Limpos.

- Com estas medidas buscaremos adquirir, até o ano de 2020, mais de 40 mil ônibus com tecnologia limpa. Isto representaria um mercado potencial de 14 bilhões de dólares e uma economia de 435 mil toneladas de dióxido de carbono ao ano. Dentro desses números, as cidades latino-americanos esperam comprar cerca de seis mil desses ônibus, o que representa um investimento de dois bilhões de dólares e uma economia de 65 mil toneladas de dióxido de carbono ao ano.  Dentro de todos estes números e investimento, vamos buscar trabalhar com empresas públicas e privadas que estejam interessadas em nos ajudar nesta missão - enfatizou o prefeito da Cidade do México, Miguel Ángel Mancera.

A Declaração foi criada coletivamente e demonstra o compromisso das cidades da C40 em reduzir as emissões e melhorar a qualidade do ar através da introdução de ônibus de baixa e zero emissões em suas frotas. A Declaração é um chamado para que fabricantes globais, operadores de transportes públicos, empresas de leasing, bancos multilaterais de desenvolvimento e outras agências de financiamento apoiem as ambições das cidades em descarbonizar o transporte coletivo urbano.

Juntas, essas cidades representam uma frota de 114.655 ônibus em todo o mundo até 2020. Se todos os veículos fossem substituídos por ônibus "zero", a redução de emissões seria equivalente a 1,78 milhão de toneladas anuais.

Além dos municípios da América Latina, outras cidades da C40 na África, Ásia, Europa e América do Norte mostram apoio através da Declaração. São elas: Addis Abeba, Cidade do Cabo, Johanesburgo, Tshwane, na África; Copenhagen, Londres, Madri, Oslo, Varsóvia, na Europa; São Francisco, na América do Norte; e Seul e Jacarta, na Ásia.

Outras oito cidades da América Latina que não fazem parte do C40 expressaram apoio à Declaração de Ônibus Limpos: Assunção, Belo Horizonte, Córdoba, Fortaleza, La Paz, São Domingo, Tegucigala e Valparaíso.

A Declaração é o primeiro passo na corrida por um transporte mais limpo. A partir de agora, as cidades que assinaram vão convidar fabricantes e agências de financiamento para apoiar o movimento global em direção à maior utilização de ônibus de baixas emissões.

Pesquisa da C40 mostra que as cidades-membro realizam mais de 1,5 mil ações climáticas, apenas no setor de transporte. Destas ações, dois terços são relacionadas aos transportes de massa, como, por exemplo, o sistemas de BRT, no Rio de Janeiro, o Metrobus em Buenos Aires, e o TransMilenio, em Bogotá.

Na América Latina e no Caribe, mais de 75% da população mora em cidades ameaçadas pelos efeitos das mudanças climáticas, incluindo ondas de calor, seca e aumento no nível do mar.