Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Prefeitura quer certificar o Rio como primeira capital de comércio justo da América Latina

25/03/2015 17:05:00  » Autor: Juliana Romar / Fotos: Ricardo Cassiano


A Prefeitura do Rio apresentou nesta quarta-feira (25/03) o Plano de Certificação do Rio de Janeiro como Cidade de Comércio Justo e Solidário. A iniciativa, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário (SEDES), visa ao reconhecimento mundial do Rio como a primeira capital de comércio justo na América Latina, título que deverá ser concedido pela Fair Trade Towns, em novembro. Para receber a chancela, a prefeitura terá de cumprir cinco objetivos, envolvendo a população na promoção do consumo de produtos saudáveis e sustentáveis.

 

 

 

 

 

 

O evento, realizado no Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá, reuniu dezenas de produtores de agricultura familiar, artesãos, moradores de comunidades pacificadas, estudantes e representantes da sociedade civil, além de autoridades da cidade de Poços de Caldas (Minas Gerais), a primeira e única do Brasil já certificada, desde 2012.

 

 

 

 



- O comércio justo é uma iniciativa que já existe há mais de 50 anos no mundo e consiste em viabilizar o acesso ao mercado e a pontos de venda para produtores que estejam em desvantagem econômica. Ele traz uma série de princípios para mostrar como montar uma cadeia produtiva onde todos os atores consigam ser beneficiados, tendo um bom sustento e uma boa qualidade de vida. Nossa ideia com esse plano é fazer com que a campanha ultrapasse os portões da prefeitura e atinja o maior número de cariocas possível – explicou a diretora de Economia Solidária e Comércio Justo da SEDES, Ana Asti.

 

 

 

 

 

Para colocar em prática o plano, a prefeitura vai ter de cumprir cinco metas: criar um comitê coordenador da campanha (já criado, o Conselho Municipal de Economia Solidária); declarar apoio e utilizar produtos de comércio justo; ter esses produtos facilmente encontrados no varejo local; ter empresas apoiando e consumindo esses produtos (por exemplo, servido café na reunião ou utilizando uniformes produzidos por profissionais do comércio justo); e criando ações de mídia e eventos de sensibilização para divulgar a campanha.

 

 

 

 

 

 

A presidente do Instituto Maniva e diretora de sustentabilidade do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio),Teresa Corção, garante que, como membro do SindRio, já vai começar a incentivar os donos dos estabelecimentos. Para ela, a campanha será uma ferramenta muito importante de transformação:

 

 

 

 

 

 

 

- O comércio justo é uma forma de inclusão social de toda a sociedade nos processos de consumo. Temos de tirar esse estigma de que as pessoas que não têm recursos têm de comprar coisas de baixa qualidade. os produtos de alta qualidade podem sim estar acessíveis às pessoas de poucos recursos, desde que o sistema criado entre a cadeia produtiva possibilite essa comercialização.

 

 

 

 

 

O Rio já vem implementando políticas públicas como os circuitos Cariocas de Economia Solidária e o de Feiras Orgânicas, que estimulam a produção local sustentável de alimentos de pequenos produtores e o desenvolvimento integrado com as comunidades pacificadas na economia solidária, principalmente nos setores de moda e artesanato. Até junho, a Prefeitura do Rio lançará a campanha de candidatura.

 

 

 

 


Atualmente, existem mais de duas mil cidades certificadas em 25 países, sendo a maioria na Europa. A chancela internacional começou a ser realizada em 2002 na Inglaterra e já reconheceu importantes capitais mundiais, como Londres, Amsterdã, Roma, Oslo e Madri. A ideia da candidatura do Rio surgiu em 2013, quando a cidade recebeu a Semana Mundial do Comércio Justo. Na época, o Brasil foi escolhido por ser o único país a ter o Sistema Nacional de Comércio Justo e políticas públicas no tema.

 

 

 

 

 

 

O produtor de café de Poços de Caldas e presidente da Associação dos Agricultores Familiares do Córrego d'Antas (Assodantas), João Piva, faz parte de um grupo de 40 produtores integrados que exporta para países como os Estados Unidos. Hoje, ele aposta nessa modalidade de negócios chamada fairtrade (comércio justo em inglês) e espera que ela se expanda por todo o Brasil:

 

 

 

 

 

 

- O fairtrade trouxe a organização e o lucro para a gente. Hoje, nós ganhamos muito dinheiro. Quando montamos a associação não havia dinheiro nem para registrá-la e tirei do meu bolso para isso porque eu acreditava no projeto. Hoje, temos um patrimônio de R$ 1 milhão, já estamos investindo R$ 100 mil em um barracão e os negócios estão dando um lucro enorme para os produtores. Eles são profissionais e estão felizes em produzir café. Acho que todos os produtores de todos os cantos do Brasil tinham de ser fairtrade. Temos uma margem de lucro de R$ 120 a mais do que o convencional. Se o café convencional é vendido atualmente a R$ 450, nós conseguimos vender a quase R$ 600, graças à certificação.

 

 

 

 

 

Durante a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos em 2016, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário vai aproveitar para oferecer ainda mais produtos orgânicos e sustentáveis para os atletas, visitantes e toda a população carioca. O objetivo é aumentar a quantidade de produtos e facilitar o acesso a eles, além de gerar trabalho e renda para a agricultura familiar e preservar o meio ambiente por meio do estímulo à produção orgânica e sustentável.
 


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